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A produção e o comércio, bases do capitalismo, foram os grandes responsáveis pelo desenvolvimento das nações. Não aceitar tais evidências é o mesmo que não admitir a necessidade do ser humano de crer em Deus. (José Márcio Castro Alves)

Guilo, o ramo da esperança.



Guilherme Alves Montans, o Guilo, foi uma criatura iluminada por Deus, em toda a infância, adolescência e mocidade. Para os que conviveram com ele, o mundo acabou em 1º de Abril de 1988, numa Sexta Feira da Paixão, no romper do dia. Dominado pelo sono, um acidente de automóvel o levaria de chofre, sem aviso, aos vinte anos de idade. Por muitos anos pranteamos o Guilherme como nos galhos, à tarde, a suruína chora a sua viuvez.
Como no dizer conciso do poeta Fagundes Varela, que ao perder um filho prematuramente, se imortalizou com o poema O Cântico do Calvário, datado de 1863:


Eras na vida a pomba predileta, que sobre um mar de angústias conduzia O ramo da esperança. — Eras a estrela que entre as névoas do inverno cintilava apontando o caminho ao pegureiro. Eras a messe de um dourado estio. eras o idílio de um amor sublime. Eras a glória, — a inspiração, — a pátria, o porvir de teu pai! — Ah! no entanto, pomba, — varou-te a flecha do destino!
Astro, — engoliu-te o temporal do norte! Teto, caíste! — Crença, já não vives!

Nossa homenagem ao Guilo, o Guilherme Alves Montans (15/07/1967 – 01/04/1988).
Um amigo querido por todos e amado por muitos, um líder e um príncipe que nas infindáveis noitadas de ótima música, boa mesa a abraços sinceros, que mesmo diante de tamanha fatalidade, nos fez crer ainda mais em Deus.

Renato escreveu: Que maravilha esse poema de Fagundes Varela! Quantas pombas prediletas já se foram... E por isso hoje, em cada cálice de vinho, há muita saudade pra degustar, chorar e cantar... Cada passo na vida será pensado.
Toda música bem ouvida. Todo amor será mais amado. Cada vista, mais florida.
A cada amigo, mais um laço. E todo jardim ve-lo-ei florido.
E a cada beijo recebido será trocado com um abraço.
Renato Castro Alves

Ana Flora escreveu: "...como foi lindo o que morreu..."
"...porque tu foste prá mim, meu amor, como um dia de sol". ( É preciso dizer adeus/Tom Jobim)

Flora
25 de abril de 2010

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Amizade, ternura e lealdade.



Diógenes Raphaeli Júnior, o Di, o Rafa, o grande amigo de muitas lembranças e horas agradabilíssimas.
Paulistano da gema e mineiro de Jacutinga por opção, sempre fez da urbe e da roça a referência para suas meditações e sustento.
Viajou o mundo mas nunca abandonou a sua grande paixão, uma garota lindíssima chamada São Paulo, eterna namorada. Nos tempos de faculdade, agronomia em Espírito Santo do Pinhal, marcou presença e fez história na escola (ótimo aluno, sempre as melhores notas), nas repúblicas e com os inúmeros amigos que garimpou com seu charme de intelectual atento e astuto, moderado, ouvindo e refletindo sobre os temas que mais o apaixonam: a música, o cinema, o humor, a literatura e a boa mesa. Excelente cozinheiro e bom de copo, optou pelo destilado que o mantém em ótima forma física. Casado com Leila e pai do Matheus, o Rafa me visitou há poucos dias, em Ribeirão Preto. Sempre o mesmo Rafa, alegre, otimista e atualíssimo, conversa deliciosa.



Em 22 de Abril de 2010, João Kota e eu fizemos uma visita ao querido Rafa, lá nas Minas Gerais, na sua fazenda em Jacutinga, quase divisa com São Paulo. Um recanto encantador, com aquela paisagem de montanha e um arzinho fresco de 1.100 metros de altitude. Uma casa maravilhosa, com uma varanda onde se avista toda a beleza da paidagem mineira. Nos recebeu com uma comida feita no fogão de lenha, onde ascendeu o fogo e fez um arroz com suã de porco pra ninguém botar defeito. Uma aula de culinária e filosofia, regada a cerveja e um papo inesquecível. Um presente de Deus.
Quando tínhamos vinte e poucos anos, pegávamos o violão e viajávamos pelos caminhos da MPB antiga, aquelas dos anos 1940 e 1950. Nesta gravação caseira, raríssima, Rafa e eu fazemos um dueto no meu apartamento em Pinhal, pelos idos de 1978, com o samba Opinião, de Zé Ket. Ouçam.

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Simone Guimarães: De Santa Rosa para o Brasil

por José Márcio Castro Alves

Em 1989 a Simone Guimarães apareceu em Ribeirão Preto cantando no Bar Cancela, um ponto de encontro de músicos idealizado pelo cantor e compositor dr. Euler Rocha. Quando vi aquela moça loura e de cabelos longos tocando e cantando serestas e modinhas no seu violão, me encantei com todo aquele talento. Não demorou e gravamos um clipe na EPTV com duas composições da Simone que fizeram bastante sucesso na época: o Gueto à Califórnia, onde ela faz um sátira bem humorada de alguns amigos e do contexto da nossa Ribeirão daqueles tempos e Marilyn, de parceria com a jornalista Rosana Zaidan; uma apologia às mulheres de sucesso daquele Brasil dos anos 1990.
O carisma e a voz belíssima daquela moça de Santa Rosa de Viterbo logo estaria na boca do povo, pois tratava-se de uma artista polivalente, dona de um carisma extraordinário, a então desconhecida do grande público, Simone Guimarães.